O Simpósio de Desenvolvimento Infantil da UFSCar reúne a cada dois anos pesquisadores brasileiros e estrangeiros que vêm contribuindo para o avanço da ciência do desenvolvimento humano, em especial, explorando novas frentes de trabalho e pesquisa. Nesta quarta edição, o evento tem como foco principal a discussão sobre o papel das interações entre genética e ambiente no desenvolvimento infantil.
CONFERENCISTAS CONVIDADOS
Dra. Débora Gusmão (UFSCar)Professora do Departamento de Medicina da UFSCar, com experiência em genética médica, atuando principalmente nas áreas de aconselhamento genético (diagnóstico clínico e molecular de doenças genéticas, defeitos congênitos e deficiência intelectual) e saúde pública (estudos epidemiológicos, de gestão e de educação em genética médica). É atualmente Vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSCar (PPGEnf), que possui os cursos de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde.
http://lattes.cnpq.br/2587800992546559
Conferência:
19 de outubro de 2018, às 9:30 hs
Princípios biológicos do desenvolvimento embriofetal humano
O desenvolvimento humano é um processo contínuo que tem seu início quando um ovócito (óvulo) é fertilizado por um espermatozoide. A partir disso, ocorre uma sucessão de eventos biológicos que culmina, frequentemente, no nascimento da criança. Didaticamente, o desenvolvimento humano é dividido em fases pré-embrionária, embrionária e fetal. Alterações na formação dos gametas (óvulo/espermatozoide), na nidação do pré-embrião e no desenvolvimento embriofetal podem interferir no desenvolvimento humano habitual. Nesta conferência, revisaremos os principais aspectos biológicos relacionados ao desenvolvimento embriofetal humano, explicando os principais fatores que modulam esse desenvolvimento, que vão desde fatores genéticos até ambientais, como os teratógenos. Ao final, serão enfatizadas as ações de cuidado em saúde possíveis de serem realizadas na Atenção Primária à Saúde, notadamente no sentido de prevenção de deficiência intelectual e de anomalias congênitas.
Dra. Lavinia Faccini (UFRGS)
Professora Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com doutorado em Genética e Biologia Molecular pela UFGRS, com experiência na área de Genética Médica Populacional e em Teratogênese. Coordena o Sistema Nacional de Informação sobre Teratógenos com sede em Porto Alegre, desde 1990. Presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, no período 2012-2016.Vice-Diretora do Instituto de Biociências, UFRGS, no período 2013-2017. Presidente da Rede Latino-Americana de Genética Humana (RELAGH) no período de 2016-2018.
http://lattes.cnpq.br/9393903837681988
Conferência:
19 de outubro de 2018, às 14:30 hs
Congenital Zika Syndrome: beyond microcephaly
Zika Virus (ZIKV) has become a major challenge for scientists and health agencies, particularly since the identification of its involvement with microcephaly and Guillain-Barré syndrome in 2015. Firstly in Brazil and presently in an outbreak of babies born with congenital zika syndrome infection (CZS) has hit most countries in the Americas. This newly identified human teratogen produces a recognizable phenotype of severe microcephaly secondary to brain damage, anomalies of the shape of skull and redundancy of the scalp consistent with the Fetal Brain Disruption Sequence. In addition, limb contractures to generalized arthrogryposis were present in some of the infants. However, this phenotype is expanded to a spectrum of anomalies that include neurological abnormalities with normal head circumference and ocular anomalies. Presently it is estimated that 10% of prenatal exposed babies will present the CZS at birth. However much less is known about the development of the cases born with head circumference within the normal range. Although multiple experimental studies have demonstrated the link between ZIKV and neural birth defects, it is still not clear why ZIKV congenital infection produces malformations only in some patients. One study on twins with CZS shed some light on the role of genetics. When analyzing gene expression of neural progenitor cells of dyzigote twins, it was found that cells derived from affected babies displayed a differential signature in neural development genes that could explain, at least in part, the susceptibility of these cases to ZIKV infection and that would be related to the impairment of brain development.
In this communication we will discuss the epidemiological impact of CZS in different countries in the Americas, the potential environmental/genetic risk modifiers, what we have learned from this epidemic, and the main unanswered questions. Moreover, the zika epidemics has brought back the topic of congenital infections as a preeminent factor for preventable congenital anomalies.
Currently, ZIKV infection is a very relevant health public problem, involving multidisciplinary expertise – including epidemiologic, clinical, virological and neurochemical backgrounds to rapidly advance in the understanding of this multifaceted health problem.
(Acknowledgments: this work has support from the Brazilian Ministry of Health and from the. National Council of Research and Technology – CNPq)
Dra. Camila Gomes (Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte)
Pós-doutora em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos. Docente da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Diretora do CEI Desenvolvimento Humano. Analista do Comportamento acreditada pela ABPMC-Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (004/2018). Membro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino (MCTI/CNPq/FAPESP/CAPES). Autora dos livros "Ensino de Leitura para Pessoas com Autismo" e "Ensino de Habilidades Básicas para Pessoas com Autismo: Manual para Intervenção Comportamental Intensiva".
http://lattes.cnpq.br/2060252495001734
Conferência:
20 de outubro de 2018, às 9:30 hs
Intervenção comportamental precoce e intensiva com crianças com autismo por meio da capacitação de cuidadores
O autismo é um transtorno que acomete a sequência e a qualidade do desenvolvimento infantil, caracterizado por alterações sociais e de comunicação e pela presença de interesses fixos, restritos e intensos e comportamentos repetitivos. A literatura científica tem indicado os bons efeitos de Intervenções Comportamentais Intensivas para o tratamento do autismo, conhecidas no Brasil com “tratamento ABA”. A literatura considera como “Intervenção Comportamental Intensiva” os modelos de intervenção caraterizados por estimulação individualizada (um educador para uma criança com autismo), realizados por muitas horas semanais (15 a 40 horas), por pelo menos dois anos consecutivos, que abrangem várias áreas do desenvolvimento simultaneamente e que são fundamentados em princípios de Análise do Comportamento. O objetivo dessa conferência é apresentar dados a respeito da Intervenção Comportamental Precoce e Intensiva, realizada com crianças com autismo, por meio da capacitação de cuidadores.
Dr. André Varella (UCDB)
http://lattes.cnpq.br/8928084949164132
Conferência:
20 de outubro de 2018, às 14:30 hs
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos transtornos do desenvolvimento mais prevalentes da infância. As crianças acometidas apresentam padrões de comportamentos restritos e estereotipados, além de deficiências em habilidades de comunicação social. Frequentemente, crianças com autismo apresentam grandes dificuldades no desenvolvimento de repertórios verbais e simbólicos (linguagem). A Análise do Comportamento Aplicada tem contribuído com o desenvolvimento de tecnologias de ensino de comportamentos verbais e simbólicos. Procedimentos baseados no paradigma de equivalência de estímulos apresentam vantagens importantes ao permitir a aprendizagem indireta (emergente) de novas respostas verbais. Recentemente, alguns estudos têm sugerido o potencial uso de consequências específicas para ensinar novas respostas verbais a crianças com autismo. O objetivo da presente palestra é apresentar como procedimentos baseados no paradigma de equivalência de estímulos podem ser úteis no planejamento e implementação de intervenções para desenvolver repertórios verbais em crianças com TEA, em especial procedimentos que utilizam consequências específicas para as classes. Serão discutidas possibilidades de aplicação desses procedimentos para o ensino de repertórios de ouvinte (relação nome-objeto, categorização) e repertórios de falante (comportamentos de tato e intraverbal) e alguns desafios para sua implementação em contextos aplicados.
Dr. David Moore (Pitzer College, EUA)
Professor e pesquisador no Pitzer College e Claremont Graduate University e o atual Diretor do Developmental Sciences Program da National Science Foundation. O seu livro “The Developing Genome” foi ganhador do American Psychological Association’s 2016 Eleanor Maccoby Book Award in Developmental Psychology.
https://www.pitzer.edu/academics/wp-content/uploads/sites/38/2017/11/DSM_VITAE_November-2017.pdf
Conferência I:
22 de outubro de 2018, às 9:30 hs
Epigenetics and the Development of Psychological Phenotypes
Psychologists have always understood that experiences become part of who we are, but only recently have insights into molecular biology revealed how this happens on a physical level. Epigenetics can be defined as the study of gene regulation, and research in this domain indicates that some genes can be turned on or off as a result of experience. Thus, the experience-induced epigenetic state of your DNA has as much influence on who you are as does the sequence of your genome. It now appears that within each person’s lifetime, early experiences literally get under the skin and influence the characteristics we have decades later as adults. On shorter timescales, memory formation after novel experiences also involves DNA reacting to those experiences; such reactions alter brain structures and functioning. All of these discoveries reinforce the conclusion that Nature and Nurture act in interdependent ways during development, and that our genes do not single-handedly determine any of our characteristics. On very long timescales, too, epigenetic phenomena are important, because there is good evidence that some epigenetic effects of experience can be transmitted across generations. Taken together, research on behavioral epigenetics is revolutionizing how psychologists think about normal behavior and psychopathology, and is drawing attention to the fundamental importance of developmental processes in the generation of all phenotypes.